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quinta-feira, setembro 28, 2006

Hoje eu tô sozinha

(Ana Carolina)


Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho

Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém

Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha que é pra não ficar pior

quarta-feira, setembro 27, 2006

Pílulas



Hoje é dia de São Cosme e São Damião. Abençoadas sejam as crianças que, com sua inocência, amam verdadeiramente e quando não gostam, assumem. É por isso que ainda acho as crianças muito mais sábias que boa parte dos adultos.

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“Ninguém sai impune das aulas do Mestre Amaral.” Esta frase é para o bem, porque as aulas do Mestre são do bem. Sempre.


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Vem aí mais uma eleição. Eu não voto, portanto, não faço parte disso. Mais ou menos, né? Tenho opinião própria. Sei em quem votaria e em quem não votaria. Mas, curiosamente, ainda observo mais o cenário político do Rio do que o de São Paulo. Talvez porque esteja chegando a hora de levantar acampamento da Terra da Garoa.


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A primeira idéia que uma criança precisa ter é a da diferença entre o bem e o mal. E a principal função do educador é cuidar para que ela não confunda o bem com a passividade e o mal com a atividade. (Maria Montessori)



Janaina Pereira

segunda-feira, setembro 25, 2006

O início, o fim e o meio


Ninguém sai impune das aulas de geopolítica do mestre Amaral. Fico pensando o que foi feito com o mundo ao longo dos anos para que tanta coisa mudasse – ou valores fossem distorcidos, de acordo com as normas vigentes. Maquiavel, coitado, foi de pai da ciência política ao homem que acreditava que a violência é justificável, em um segundo. E o mundo parece cada vez mais certo diante das incertezas.

Eu não voto faz um bom tempo, e não me sinto culpada por isso. Acho que votar é um direito, e eu tenho direito de não votar. Vejo que as coisas caminham para uma inércia, sem opções de pessoas com boa vontade de mudar as coisas. Ainda acho que educação e saúde são os pilares de uma sociedade, mas no Brasil ambos não passam de mercadoria de luxo.

Sou obrigada a pagar um plano de saúde porque tenho medo de ter crise renal de novo e receber diagnóstico errado em hospital público – é, isso já me aconteceu. Sou obrigada a estudar em universidade particular, cujos princípios éticos são duvidosos, porque não foi permitida a mim, uma suburbana classe média, estudar numa universidade pública. E assim a gente vai levando a vida, empurrando com a barriga e fingindo que não está entendendo o que acontece a nossa volta.

Quem está certo? Platão, que não acreditava na democracia e que achava que só os sábios podiam governar? Ou Aristóteles e sua visão da ética? Locke e a crença de que o homem não é mau, mas suas paixões desequilibram as relações? Hobbes, aquele que crê na inveja e vaidade humana, que só pode ser controlada pelo Estado? Montesquieu e o equilíbrio dos Três Poderes? Maquiavel e a justificativa de que todo governante deve ser astuto e virtuoso? Santo Agostinho e a Cidade de Deus? Santo Tomás de Aquino e a Suma Teológica?

Eu realmente não sei se o fim justifica os meios, mas continuo sendo socrática: só sei que nada sei.


Janaina Pereira

sábado, setembro 23, 2006

Orkut-se


Estava vendo ‘quem sou eu’ pelo orkut. Meu perfil sempre muda, de acordo com meu humor. Geralmente sou alguma letra de música, minhas fotos são fakes e minhas comunidades dizem mais do que qualquer outra coisa.

Estou em diversas comunidades ligadas ao Rio, como a que enaltece os biscoitos Globo e os surfistas cariocas. Meu amor pelo cinema passeia nas comunidades de filmes como Closer, Sociedade dos Poetas Mortos e De volta para o futuro, de artistas com oJames Dean, Bette Davis e Hitchcock. Minha paixão pelas artes está presente nas comunidades de Monet, Mondrian e Pop Art. Aparecem também minhas preferências pelas histórias em quadrinhos, fotografia, leitura e escrita. E a personalidade se molda com a preguiça de acordar cedo, o humor assumidamente irônico, o lado negro da Força, a saudade que me habita e, claro, quando eu assumo que já amei idiotas e justamente por isso, não sou perfeita.

Mas eu gosto mesmo dos depoimentos. Os amigos dizem que sou uma carioca típica, muito íntegra, forte, corajosa, determinada... aqueles elogios que fazem bem a alma. Mas eu sou chata. Desconfiada. Implicante. Rabugenta. Passional. Irritável facilmente. Brava.

Mesmo tendo gente pensado o contrário, não sou arrogante, nem metida, muito menos convencida. Eu me acho bem menos do que dizem que sou. Mas sei que incomodo. Fazer o que? O tempo ocioso faz mesmo com que as pessoas percorram longos caminhos para xeretar a vida alheia. Enquanto isso, eu nem consigo responder meus scraps.

O que é válido no orkut? Reencontrar amigos, pessoas que ficaram perdidas no tempo... e lembrar do aniversário de todo mundo. Sem dúvida, uma boa agenda virtual. Em relação as páginas da vida – nossa, isso é título de novela! – o orkut não é diário e, sim, minha vida é um livro fechado. Que alguns ousam abrir sem consentimento e interpretar de forma errônea.

E pra citar Lasswell, a análise de conteúdo não está satisfatória, e o emissor não tem o controle do processo de comunicação. Portanto, receptores, estejam abertos ao diálogo! E que a vida seja menos virtual e mais real para todo mundo.


Janaina Pereira

quinta-feira, setembro 21, 2006

O amor nos tempos do cólera


O romance é o amor de Florentino por Fermina, que ultrapassam 53 anos quase sem nenhum contato. Conheceram-se pela profissão de telégrafo de Florentino, ao entregar correspondências a Lorenzo (pai de Fermina). Florentino e Fermina passaram dois anos enviando cartas um ao outro, até Florentino decidir mandar uma carta com o pedido de casamento, mesmo sem nenhum contato físico e com o quase inexistente convívio até o momento. Na dúvida, Fermina esperou 4 meses sem dar a resposta, sendo forçada com uma correspondência mais que simbólica contendo um bilhete com o pedido de aceitar ou esquecer a proposta; ela aceitou mas impôs a condição de que esperassem mais dois anos antes de se casarem. Mas, 4 meses antes da data marcada, ocorreu a intervenção de Lorenzo, que descobrira o relacionamento dos dois através de um freira da igreja de sua filha.

Lorenzo mandou a tia de Fermina embora, pois acobertava o caso, e levou a filha para outra cidade. Foram mais dois anos de correspondências escondidas de Lorenzo. Passado esse tempo, Fermina voltou à cidade natal, sendo um dia vista por Florentino atravessando uma rua e tendo seu primeiro contato com ele, passando pela vila dos escrivãos; reconheceu-o quando fora chamada de "Deusa Coroada", assim como ele a chamava em suas cartas. Apesar de estar emocionada, achou prudente ignorá-lo com um simples gesto com a mão e um: "não, por favor, me esqueça!" Na mesma época chegou Juvenal de seus estudos na Europa; cobiçado pelas moças como sendo um bom partido, demonstrou interesse por Fermina e sendo o homem ideal no ponto de vista de Lorenzo, teve o sucesso com a mesma.

Os tios de Florentino resolveram que o certo seria uma viagem de trabalho para esquecer a moça, mas ele preferiu tentar ganhar dinheiro ali mesmo. Fermina não estava feliz com o casamento, mas tinha consciência de que Juvenal era a pessoa certa pra se casar e, além disso, ela era muito apegada a seus dois filhos. Passaram-se 51 anos e no dia de Pentecostes, Jeremiah se suicida mandando uma carta a Juvenal (é aqui que o livro começa) com o pedido de procurar a sua companheira, que já sabia o motivo de seu suicídio: Jeremiah não queria ficar velho! No mesmo dia morre Juvenal tentando apanhar um papagaio. Florentino estava presente ajudando no velório e no enterro de Juvenal, passando despercebido por Fermina até o encerramento das procissões e permanecendo na casa para declarar seu amor a Fermina.

As visitas passaram a ser constantes, levando Florentino a virar um bom amigo do filho de Fermina, que um dia comentou da viagem a navio que realizaria. Florentino, ciente do fato, embarcou também no navio, e deu um jeito de viajar a sós com ela. Depois dessa viagem eles seguiram juntos, totalizando a procura pela amada em 53 anos, quatro meses e 11 dias!


(Gabriel Garcia Marquez)

segunda-feira, setembro 18, 2006

Cariocas

Encontrei o Chico Buarque em São Paulo. Estranho, dois cariocas perdidos aqui. O Chico é muito tímido. Engraçado, não combina com ele palco, shows e gritos histéricos. Mas o Chico é doce. Sabe dar uma boa cantada com suas letras cheia de poesia. Ele não me conhecia quando compôs essa música, mas descobrimos que foi feita sob medida para mim. Afinal, toda mulher se identifica com algumas palavras dele.


Deixe a Menina

(Chico Buarque)


Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São dez horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz

Eu não queria jogar confete
Mas tenho que dizer
Cê tá de lascar
Cê tá de doer
E se vai continuar enrustido
Com essa cara de marido
A moça é capaz de se aborrecer

Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz
E atrás dessa mulher mil homens, sempre tão gentis
Por isso para o seu bem
Ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem

Não sei se é para ficar exultante
Meu querido rapaz
Mas aqui ninguém o agüenta mais
São três horas, o samba tá quente
Deixe a morena contente
Deixe a menina sambar em paz

Não é por estar na sua presença
Meu prezado rapaz
Mas você vai mal
Mas vai mal demais
São seis horas o samba tá quente
Deixe a morena com a gente
Deixe a menina sambar em paz

domingo, setembro 17, 2006

Mais que 24 horas

Dia longo. Estudos. Edição. Reunião. Revelando. Online por horas seguidas. CD da Legião. "Perfeição" em época de eleição... perfeito mesmo. Mas essa me lembra alguém. A música do casamento da Clau e do Sérgio.

O Descobrimento do Brasil

(Marcelo Bonfá e Renato Russo)

Ela me disse que trabalha no correio
E que namora um menino eletricista
Estou pensando em casamento
Mas não quero me casar
Quem modelou teu rosto ?
Quem viu a tua alma entrando ?
Quem viu a tua alma entrar ?
Quem são teus inimigos ?
Quem é de tua cria ? A professora
Adélia, a tia Edilamar e a tia
Esperança
Será que você vai saber
O quanto penso em você com
o meu coração ?
Será que você vai saber
O quanto penso em você com
o meu coração ?
Quem está agora ao teu lado ?
Quem para sempre está ?
Quem para sempre estará ?
Ela me disse que trabalha no correio
E que namora um menino eletricista
As família se conhecem bem
E são amigas nesta vida
Será que você vai saber, o quanto
penso em você com meu coração ?
Será que você vai saber, o quanto
penso em você com o meu coração ?
A gente quer um lugar pra gente
A gente quer é de papel passado
Com festa, bolo e brigadeiro
A gente quer um canto sossegado
A gente quer um canto de sossego
Estou pensando em casamento
Ainda não posso me casar
Eu sou rapaz direito
E fui escolhido pela menina mais bonita.



Letra singela.
Cheia de recordações.
E de repente... eu sou a menina mais bonita.

quinta-feira, setembro 14, 2006

O tolo na colina

Faz dias que uma música dos Beatles não sai da minha cabeça... The Fool On The Hill, composta pelo Paul McCartney, e que para mim é uma das canções mais tristes do grupo. Eu prefiro dizer que a música é 'o tolo na colina' do que 'o idiota na montanha', mas a tradução é por aí... uma pessoa que é apontada como boba por todo mundo, e que vê o mundo do alto... e é assim que estou agora... sozinha, como uma tonta, vendo o mundo girar.


The Fool On The Hill

(Lennon- McCartney)

Day after day, alone on the hill,
The man with the foolish grin is keeping perfectly still.
But nobody wants to know him,
They can see that he's just a fool.
And he never gives an answer .....

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.

Well on his way, his head in a cloud,
The man of a thousand voices, talking perfectly loud.
But nobody ever hears him,
Or the sound he appears to make.
And he never seems to notice .....

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.

And nobody seems to like him,
They can tell what he wants to do.
And he never shows his feelings,

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.



Tradução

O Idiota na Montanha

Dia após dia, sozinho na montanha
Um homem que ainda mantém perfeitamente um sorriso idiota
Mas ninguém queria saber dele, eles podiam ver que ele era só um idiota
E ele nunca respondia...

Mas o idiota na montanha, vê o sol se pôr
E os olhos de sua cabeça, veem o mundo girar.

Bem no caminho, com a cabeça nas nuvens
O homem das centenas de vozes, falando claramente.
Mas ninguém o ouvia, ou os sons que ele parecia fazer
E ele nunca se importava...

Mas o idiota na montanha, vê o sol se pôr
E os olhos de sua cabeça, veem o mundo girar.

Ninguém parecia gostar dele
Eles podem lhe dizer o que fazer
E ele nunca mostrou seus sentimentos

Mas o idiota na montanha, vê o sol se pôr
E os olhos de sua cabeça, veem o mundo girar.

Mas ele nunca os ouvia, ele sabia que eles eram idiotas,
Eles não eram como ele.

Mas o idiota na montanha, vê o sol se pôr
E os olhos de sua cabeça veem o mundo girar.

terça-feira, setembro 12, 2006

O pulo do gato


Estou tão cansada que nem dá tempo de pensar. Pensar nunca me fez mal, nem me cansou. Mas todo o resto me cansa. Fico cansada das pessoas que não sabem o que querem, das mentiras, da hipocrisia, da falsa modéstia, da inveja... nossa, estou cansada do mundo!

Sempre gostei da frase da Bette Davis:”Sou como um gato. Jogue-me aos ares e eu sempre cairei de pé.” Mas cansa cair! Machuca!!! Cansa mais ainda levantar. E cair de pé da um trabalhão! É tudo muito cansativo.

Cansei de pensar no futuro, de me importar com o presente e de chorar pelo passado. E é tão difícil conviver com os caminhos solitários e busca insana de si mesmo! Estou cansada disso também. De papo furado. De conversa para boi dormir. Das más línguas. De gente que fuça a vida dos outros porque não sabe viver a sua própria vida.

Mas, estou cuidando da minha saúde. Porque da minha vida, já tem você aí para cuidar, né?

E para encerrar com o mais puro veneno, um velho ditado que minha mãe adora: quem nasceu burro, vai morrer pastando.

Ainda bem que sempre fui gata nessa vida. Sete vidas, muito fôlego, jogada aos ares, mas sempre caindo de pé.



Janaina Pereira

sábado, setembro 09, 2006

For you, mother



Como é Grande o Meu Amor Por Você

Roberto & Erasmo Carlos

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu, nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor
Nem mais bonito
Me desespero a procurar
Alguma forma de lhe falar
Como é grande o meu amor por você
Nunca se esqueça nenhum segundo
Que eu tenho o amor maior do mundo
Como é grande o meu amor por você



I love you very much, mother. Happy birthday.

Your daughter, Janis.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Plush

(Stone Temple Pilots)


And I feel that time's a wasted go
So where you going to tomorrow
And I see that these are lies to come
Would you even care
And I feel it
And I feel it

Where you going to tomorrow
Where you going with that mask I found
And I feel, and I feel
When the dogs beging to smell her
Will she smell alone

And I feel, so much depends on the weather
So is it raining in your bedroom
And I see that these are the eyes of disarray
Would you even care

And I feel it
And she feels it

Where you going to tomorrow
Where you going to with that mask I found
And I feel, and I feel
When the dogs begin to smell her
Will she smell alone

When the dogs do find her
Got time, time, to wait for tomorrow

quarta-feira, setembro 06, 2006

O que eles - e elas - disseram


“Nunca faça sexo com alguém que tenha mais problemas que você.” (Sharon Stone)

“Foi na cama o lugar que dei o melhor de mim.” (Mae West)

“Muitas mulheres só sossegam quando conseguem mudar o seu homem. Aí, ele perde toda graça.” (Marlene Dietrich)

“Escrever, esta foi a única coisa que habitou minha vida. “ (Marguerite Duras)

“Tirei da minha vida todas as pessoas com prazo de validade vencido.” (Fafá de Belém)

“Quem disse que ganhar ou perder não importa, provavelmente perdeu.” (Martina Navratilova)


“Um covarde é incapaz de amar. O amor é privilégio dos corajosos.” (Gandhi)

“Se as duas pessoas se amam não pode haver final feliz.” (Hemingway)

“Quem nunca soube obedecer jamais será capaz de comandar.” (Aristóteles)

“Ser poeta não é uma ambição minha. É minha maneira de estar sozinho.” (Fernando Pessoa)

“Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.” (Gabriel Garcia Marques)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Sexo frágil?


Outro dia, na aula de legislação, percebi o quanto ainda temos que mudar nossas atitudes diante do machismo do mundo. Eu estou cansada. Desde que nasci, e minha mãe chorou porque eu era mulher e, segundo ela, mulher sofre, sou obrigada a conviver com atos de discriminação pelo simples fato de ser mulher.

Ser mulher não é fácil. Mas eu gosto. Não gostaria de ser homem e ter que fazer barba. Ou fingir que não choro para ser macho. Ou ter que pegar todas as mulheres do mundo para ser macho. Ou não poder ficar na minha porque macho tem que ter atitude. Homem não tem que ser homem: tem que ser macho. Outro dia ouvi que o Universo masculino é mais difícil que o feminino. Deve ser mesmo. Porque homem não tem que ser homem... tem que ser macho.

Já mulher tem que ser mulherzinha. Tem que ter filhos, ser charmosa, meiga, casar, estar sempre bonita e bem disposta para o coito. Mulher só serve para parir, transar e cozinhar, não necessariamente nesta ordem.

Eu odeio ser mulherzinha. Apesar da minha aparência delicada, estou longe de ser uma. Fui criada para casar, ter filhos e ser uma excelente dona de casa. Mas minha mãe se deu mal neste tipo de criação: graças aos conselhos do meu pai, eu sempre achei que o mundo era meu lugar. Quantas vezes eu ouvi que faço coisas que homem não faz? Por que será?

Por que eu tive coragem de sair de casa e mudar para uma cidade estranha, sozinha, sem apoio, sem dinheiro e sem um homem para segurar minha barra? Ou porque nunca aceitei calada os preconceitos que sofri? Ou por que eu me sustento sem precisar da ajuda de ninguém? Ou por que eu tenho coragem de falar e fazer o que eu quero?

Talvez eu seja menos mulher porque gosto de futebol. Ou porque não acho que preciso me casar e ter filhos para ser feliz. Ou porque tenho certeza que homem nenhum nessa vida vai tirar a independência que eu conquistei. O dia que ouvi de um ex-namorado que eu era mais forte que ele, foi o dia que tive certeza de que ele merecia um pé na bunda. A vida está cheia de gente fraca. Mas se assumir fraco e aceitar isso passivamente, aí é demais para mim. Não preciso de pessoas fracas ao meu lado.

Tenho orgulho de ser mulher, apesar de achar um saco menstruar e ainda ter que aturar as piadinhas machistas quando estou com TPM. É péssimo sentir dor, ficar de mau humor e ainda ter que trabalhar sorrindo. Não sou assim. Trabalhei numa agência de publicidade que tinha uma mulher no departamento de atendimento que era a própria mulherzinha. Toda meiga, toda fina, toda delicadinha... e os homens babavam por ela. Faziam o que ela pedia, achavam a mulherzinha o máximo. E como eles me viam? A mal humorada, chata e implicante, que brigava para aprovar qualquer anúncio meia-boca. Desbocada disfarçada de mulher que usa saia e anda de salto. Como eu poderia ser tão feminina e ao mesmo tempo tão masculina?

Por que sou mulher mas a vida me ensinou a ter atitudes de homem. Sempre trabalhei com maioria masculina, e fui obrigada a agir como um. Quando, numa hierarquia, fui obrigada a comandar um grupo de homens, o primeiro que me desrespeitou levou um fora monumental. Não mando menos porque tenho seios e sangro todo mês. Sou muito mais inteligente, esperta e competente que boa parte dos homens que andam por aí. E, acreditem, algumas vezes já ganhei mais que o meu namorado. E isso resultava em problemas na hora de pagar a conta do restaurante.

Se gritarem comigo, eu grito de volta. Se tentar me agredir, eu sei como me defender. Se me ameaçar também. Já fui demitida porque era mulher e mulher não sabe escrever. Eu tinha 20 anos de idade. Hoje, se algum imbecil disser que eu não sei o que estou fazendo, não vai me fazer derramar uma lágrima. Por que eu aprendi a acreditar na minha capacidade.

Claro que os homens não gostam de mulheres como eu. Mas as mulheres também não. Sentem-se ameaçadas, muitas vezes diminuídas, por alguém que pode vencer na vida sem precisar ter passado por cima dos outros. Aprendi a sobreviver num mundo machista, cheio de gente que ainda especula se mulher bonita pode ser inteligente. Até porque, é mais fácil lidar com mulher bonita do que com mulher inteligente.

E, definitivamente, não sou uma mulher de perguntas. Sou uma mulher de respostas.



Janaina Pereira

sexta-feira, setembro 01, 2006

Vinícius de Moraes escreve


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

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