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sábado, fevereiro 27, 2010

Dez vezes Almodóvar


Todo mundo sabe que sou fã de Pedro Almodóvar. Ele é meu diretor preferido, estando um nível acima de outros queridos como Clint Eastwood, Peter Weir, Martin Scorcese e o blockbuster Steven Spielberg. Só Tim Burton é páreo para ele. E Hitchcock, que não tem concorrência, claro. Gosto de diretores que têm estilo, uma marca registrada. E Almodóvar é assim, colorido, vibrante, único.

Listo aqui os meus 10 filmes preferidos do meu diretor favorito.


1 - Carne Trêmula (1997). Até hoje é o único filme de Almodóvar adaptado de um livro - ele sempre escreve histórias originais, a maioria baseada em suas experiências de vida. Foi o sétimo filme do diretor que assisti (depois de Mulheres a beira de um ataque de nervos, O matador, Ata-me, De salto alto, Kika e A lei do desejo, nesta ordem) e o que me deu certeza de que ele era o melhor. Madri, janeiro de 1970. Uma prostituta tem um filho em um ônibus, quando tentava chegar na maternidade, e ali mesmo lhe dá o nome de Victor. Após 20 anos, Victor (Liberto Rabal) está começando sua vida adulta e tenta se encontrar com Elena (Francesca Neri), uma desconhecida, que uma semana antes teve relações sexuais com ele dentro de um banheiro. Quando telefona, ela não tem ideia de quem ele é. O rapaz não desiste de Elena, vai até seu apartamento e uma série de acontecimentos envolvem os dois, culminando em vários destinos cruzados. Paixão, perdão, medo, conveniência, solidão, tudo é exposto de maneira visceral por Almodóvar, que coloca as mazelas humanas e seus personagens imperfeitos em um emaranhado de situações chocantes. Tem a mais bela, intensa e poética cena de sexo do cinema. Penélope Cruz aparece pela primeira vez em um filme do diretor, que aqui revela para o mundo o talentoso e belíssimo Javier Bardem.


2 - Fale com ela (2002). A história de dois homens que se conhecem no teatro e dias depois se reencontram num hospital descobrindo que compartilham de um mesmo problema: suas amadas estão internadas em estado vegetativo. Diferente da maioria de seus filmes, que retrata o universo feminino, em Fale com ela Almodóvar aborda homens feridos pelo amor. O longa mostra o que as pessoas deixam para trás, como seus amigos e familiares, quando morrem. Odeio cenas de estupro nos filmes, mas Almodóvar consegue aqui fazer uma cena delicada mesmo com este tema difícil, mostrando sua sensibilidade ímpar. O longa é um retrato avassalador da forma como os homens veem as mulheres. Ganhou o Oscar de roteiro original, inédito para um filme de língua latina.


3 - Volver (2006). É a história de três mulheres: Raimunda, tentando encobertar o assassinato do marido; a de sua irmã Sole, tentando proteger o fantasma da mãe e de sua prima Agustina, tentando descobrir o paradeiro da mãe. O enredo mescla suspense, drama familiar e comédia. Almodóvar constrói uma atmosfera agridoce, entre a tristeza e a alegria, mostrando que podemos - e devemos - aceitar as imperfeições da vida. ele ainda ilumina sua antiga musa Carmen Maura e revela ao mundo sua nova musa, Penélope Cruz, indicada ao Oscar de atriz.


4 - Ata-me (1990). Mais um filme sobre obsessão, tema recorrente na filmografia de Almodóvar. Ricky acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Ele é apaixonado por Marina, ex-atriz pornô que o conhece desde a época em que trabalhava em um bordel. Ricky a sequestra e mantem a jovem amarrada para convencê-la do amor que sente. E promete soltá-la apenas quando ela o amar também. Os rumos da história surpreendem e mostram do que a imaginação do diretor e roteirista é capaz. Mais uma dobradinha de Almodóvar com Antonio Banderas e Vitctoria Abril.


5 - Tudo sobre minha mãe (1999). No dia de seu aniversário, Esteban (Eloy Azorín) ganha de presente da mãe, Manuela (Cecilia Roth), uma ida para ver a nova montagem da peça "Um bonde chamado desejo", estrelada por Huma Rojo (Marisa Paredes, eterna musa do diretor). Após a peça, ao tentar pegar um autográfo de Huma, Esteban é atropelado e termina por falecer. Manuela resolve então ir de encontro ao pai, que vive em Barcelona, para dar-lhe a notícia, quando encontra no caminho o travesti Agrado (Antonia San Juan), a freira Rosa (Penélope Cruz, caminhando para se tornar a musa maior de Almodóvar) e a própria Huma Rojo. Oscar de melhor filme estrangeiro e a grande homenagem do cineastas a todas as mulheres do mundo.


6 - O Matador (1986). O tema fundamental deste trabalho de Almodóvar são os instintos humanos, retratando a obsessão de um famoso toureiro pela morte, identificando na mesma um imenso prazer, seja humana ou animal. Ele se envolve com uma mulher que possui a mesma obsessão e decidem juntos suas próprias mortes. É o filme que revelou Antonio Banderas para o mundo.


7 - De Salto Alto (1991). Rebeca trabalha como locutora de um telejornal dirigido por seu marido, Manuel. Ele foi o grande amor da mãe de Rebeca, Becky del Páramo, antes que esta a abandonasse para se dedicar a sua carreira como cantora, e não sabe que Rebeca é filha de Becky. Quinze anos depois a mãe volta a Madri para atuar e acertar alguns assuntos pendentes, especialmente a relação com sua filha. Dueto impecável de atuações das musas Victoria Abril e Marisa Paredes. É Almodóvar mostrando como as grandes paixões destroem as vidas das mulheres mais fortes. E como cometemos pequenos pecados sem perceber.


8 - Mulheres a Beira de um Ataque de nervos (1988). Em Madri Pepa Marcos (Carmen Maura), uma atriz que está grávida mas ninguém sabe, é abandonada por Ivan (Fernando Guillén), seu amante, e se desespera tentando encontrá-lo, pois deseja que ele lhe explique por qual motivo a deixou. Enquanto tenta falar com ele recebe a visita de Candela (María Barranco), uma amiga que se apaixonou por um desconhecido e agora que descobriu que ele é um terrorista xiita teme ser presa. Mais tarde chega ao apartamento Carlos (Antonio Banderas), o filho de Ivan. Ele está acompanhado de Marisa (Rossy de Palma, o maior nariz da história do cinema), sua noiva, pois os dois estão procurando um imóvel para alugar. Marisa, sem saber, bebe um gaspacho cheio de soníferos, que Pepa tinha preparado para Ivan, que vai para Estocolmo com Paulina Morales (Kiti Manver) e Lucia (Julieta Serrano)sua mulher, que planeja matá-lo. Apesar de ter sido preterida, Pepa quer fazer de tudo para salvar a vida de Ivan. Indicado ao Oscar de filme estrangeiro, foi o primeiro sucesso internacional do diretor, apresentando as cores e o talento de Almodóvar ao mundo.


9 - Má Educação (2004). Madri, 1980. Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que passa por um bloqueio criativo e está tendo problemas em elaborar um novo projeto. É quando se aproxima dele um ator que procura trabalho, se identificando como Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal), que foi o amigo mais íntimo de Enrique e também o primeiro amor da sua vida, quando ainda eram garotos e estudavam no mesmo colégio. Goded recebe do antigo amigo um roteiro entitulado "A Visita", que parcialmente foi elaborado com experiências de vida que ambos tiveram. Goded lê o roteiro com profundo interesse. Este relata as fortes tendências de pedofilia que tinha um professor de literatura deles, o padre Manolo (Daniel Giménez Cacho), que vendo Ignacio e Enrique em atitude suspeita diz que vai expulsar Enrique. Ignacio, sabendo que Manolo era apaixonado por ele, diz que fará qualquer coisa se ele não expulsar Enrique. Então Manolo promete e molesta Ignacio, mas não cumpre a promessa e expulsa Enrique. Goded decide usar a história como base do seu próximo filme e, por causa de um isqueiro, vai até a casa de Ignacio e constata uma verdade surpreendente. A melhor e mais surpreendente atuação de Gael García Bernal no cinema. O roteiro, cheio de idas e vindas, mostram a maturidade de Almodóvar.


10 - Kika (1993). Kika é uma maquiadora contratada por Nicholas, um escritor norte-americano radicado em Madri, para maquiar o corpo de seu enteado Ramón e deixá-lo apresentável no velório. Porém, Ramón não está morto, ele sofre de catalepsia, e acaba despertando durante a maquiagem. Como resultado, Ramón e Kika começam um relacionamento. Tudo vai bem para o jovem casal até que Nicholas retorna de uma longa viagem. Kika também se envolve com o escritor. Enquanto isso, Andréa Caracortada, uma bizarra apresentadora de um programa sensacionalista de TV, suspeita que Nicholas é um serial killer e passa a espionar a vida de todos em busca de um um furo jornalísitco. O resultado de tudo isso é muita diversão com o toque dramático, polêmico e surreal no melhor estilo Almodóvar.


E qual o seu preferido? Soltei seu veneno!



Janaina Pereira

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Amar, amor, amando, amado



Uma relação tem tudo para dar errado quando uma das partes exige que o outro mude. E a exigência vem com palavras, atitudes, gestos e ações desmedidas. “Eu te amo mas ... “ e assim começa a desabar aquele amor perfeito, cheio de sonhos e fantasias sexualmente satisfatórias. O casal briga para ir para cama fazer as pazes; ele pede mais liberdade, ela exige mais atenção; os filhos acabam segurando um relacionamento que já não existe mais; as famílias se apegam e o casal não consegue se separar; ele busca aventuras fora de casa, ela se apaixona por outro mas não consegue admitir que seu casamento acabou; ele tem medo de seguir a vida sozinho, ela tem medo de seguir a vida sozinha ... existem muitos motivos que levam relacionamentos visivelmente acabados a agonizarem, mas não morrerem. Tudo não passa de camuflagem para o inevitável: a separação.

Namoro, noivado, casamento, caso, rolo, tudo pode chegar ao ponto crucial da separação. E os caminhos opostos ficam visíveis quando as cobranças tomam formas desesperadoras, a ponto de sufocar o outro, de fazer o parceiro sentir saudades da sua liberdade. Estar junto não é viver a vida do outro, muito menos viver pelo outro. Tem um texto fabuloso do Flávio Gikovate onde ele fala que o mal do ser humano é procurar sua cara-metade, quando o amor não é duas metades que se encontram e sim dois inteiros.

Então sejamos inteiros ! Tenha sua individualidade e nunca se molde por ninguém. Só abra mão daquilo que você tem certeza que vale a pena. Lute pelos seus ideais, pelas suas idéias, pelos seus objetivos, pelos seus sonhos, de preferência ao lado de alguém que compartilhe tudo isso com você. E não me venham com aquele papo de que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher ! Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher. E vice-versa. Amor é para somar e multiplicar, não somente para dividir e muito menos para diminuir. Precisamos de alguém que nos traga paz, não alguém que nos traga aborrecimentos, cobranças e confusões. O verdadeiro amor é que aquele que aceita o outro como ele é. Lembre-se que você se encantou por uma pessoa com qualidades e defeitos, não queira mudá-la para satisfazer os seus gostos.

Ame sem esperar nada em troca. É difícil ? Muito. Mas comece agora mesmo que você consegue. Vá aos poucos: com seus pais, seus irmãos, sua família, seus amigos e finalmente, chegue aquela pessoa que você se sentiu atraído. Goste dela sem esperar que ela atenda as suas necessidades e anseios. Ela é um ser humano perfeito, dentro das possibilidades dela. Quando não criamos expectativas, nos surpreendemos com a serenidade e a magia que envolvem o amor. E como o Cazuza escreveu muito bem, eu também quero a sorte de um amor tranqüilo.


Janaina Pereira

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Falling to pieces

(Faith No More)

Back and forth, I sway with the wind
Resolution slips away again
right through my fingers, back into my heart
Where it's out of reach and it's in the dark
Sometimes I think I'm blind
Or I may just be paralyzed
Because the plot thickens every day
And the pieces of my puzzle keep crumblin' away
But I know, there's a picture beneath

Indecision clouds my vision
No one listens...
Because I'm somewhere in between
My love and my agony
You see, I'm somewhere in between
My life is falling to pieces
Somebody put me together

Layin' face down on the ground
My fingers in my ears to block the sounds
My eyes shut tight to avoid the sight
Anticipating the end, losing the will to fight
Droplets of "yes' and "no"
In an ocean of "maybe"
From the bottom, it looks like a steep incline
From the top, another downhill slope of mine
But I know, the equilibrium's there

Indicision clouds my vision
No one listens
Because I'm somewhere in between
My love and my agony
You see, I'm somewhere in between
My life is falling to pieces
Somebody put me together

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Meninos, eu li



Outro dia um amigo comentou sobre a música da Cindy Lauper, do filme Os Goonies, um marco da minha infância. Tinha 11 anos quando assisti. Era dezembro de 1985, e na semana seguinte eu vi De Volta para o Futuro, outro filme que idolatro. Foram os filmes que mudaram minha vida cinematográfica - a partir deles, eu pedi mesada aos meus pais para ir ao cinema toda semana. Eles não deram, mas minha avó - mãe da minha mãe - cedeu e formou a cinéfila que hoje escreve por aí.

Vovó, aliás, foi responsável por uma grande descoberta. Ela era associada ao Círculo do Livro, que vendia livros mais baratos. Foi minha avó quem me deu meu primeiro livro, Histórias de Dona Benta, do Monteiro Lobato. Um belo dia, descobri que o roteiro de Os Goonies virou um livro, estilo romance, e pedi para ela. E estou olhando agora para ele. A data é 8 de janeiro de 1986. O livro está inteiro, com páginas amarelas, mas está bem aqui. Li umas 20 vezes ou mais.

A essa altura eu já conhecia Star Wars e Indiana Jones - que eu vi na TV, afinal, não sou tão madura assim - e pelo catálogo do tal Círculo do Livro, anos depois, eu vi o livro baseado no roteiro de Caçadores da Arca Perdida, o primeiro filme de Indy. E aqui está diante de meus olhos, esse em perfeitas condições. Data de 26 de março de 1988 (eu sempre coloquei a data nos meus livros e discos). Li umas 30 vezes ou mais.

Indy é o homem da minha vida, né? Já contei isso aqui, se não contei conto agora! Quando eu vi o filme pela primeira vez, eu me apaixonei pelo Indiana Jones/Harrison Ford e tinha certeza que ia casar com um cara que sempre deixaria a barba por fazer. E aí nasceu o fetiche que me persegue até hoje.

Tive um namorado com estilo de vida parecida com Indy - era biólogo e viveu na Amazônia por dois anos, morou com índios, teve malária, um cara de estilo aventureiro que caiu no mundo e fez tudo que eu queria fazer. Certeza que me apaixonei por ele por causa das histórias que contava. O apelido dele é Luke e eu o chamava de Luke Junglewalker, um trocadilho com Luke Skywalker. Juntei todos os personagens num homem só e até hoje ele foi o meu namorado mais legal. Um feito, porque vocês sabem, eu não acredito no amor, só no ódio (momento em que minhas amigas vão reclamar do meu coraçãozinho de pedra).

Joguei fora minha coleção de folhetos de cinema - colecionei de 1985 a 1991 - mas meus cadernos com críticas de cinema - que comecei a fazer com 12 anos - e os livros dos Goonies e do Indy estão aqui. Junto com Curtindo a vida adoidado e O Enigma da Pirâmide, foram os filmes mais marcantes da minha infância/adolescência. E, claro, Star Wars e De Volta para o Futuro.

Meus pais colocaram o cinema na minha vida, e minha avó, os livros. Acho que criaram uma menina estranha, mas que no fundo no fundo é superlegal. E modesta.

E se eu ainda acho que o Indiana é o homem da minha vida? Não mais. Foi bom enquanto durou. Mas eu ainda olho primeiro as barbas por fazer.


Janaina Pereira

domingo, fevereiro 21, 2010

Meu infinito particular



Você aí que não me conhece muito bem, tem medo de mim? Acho que minhas palavras cruéis devem assustar as pessoas, mas não importa, eu sou assim.

Mas hoje, vejam só, estou bem. Gosto quando as pequenas coisas da vida se tornam especiais. Gosto, especialmente, quando os pequenos momentos se tornam inesquecíveis, quando preciso observar os detalhes para entender o contexto.

É neste momento que percebo minhas falhas: não sou clara nas intenções nem nas ações e espero do outro uma atitude que nunca terá. Às vezes eu acho que estão me entendendo mas... não é bem assim.

Então, vamos as dicas:

- Se eu desvio o olhar, é porque estou com vergonha de você. Não quero que me olhe desse jeito avassalador, eu fico zonza. Não consigo encarar a pessoa que me interessa; pode não parecer, mas sou tímda.

- O corpo fala muito e fala tudo. Fiquei inclinada na mesa, projetando meu corpo na sua direção? É claro que estou a fim de você.

- Ocasionalmente, se você me ignorar, eu vou fazer o mesmo. Vou ser fria, me esquivar. É minha maneira de me proteger.

- Preste atenção no que eu falo. Há sempre dicas do que eu gosto ou não nos homens.

- Os opostos se atraem mas os iguais se procuram. Pense nisso.


Janaina Pereira

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

De novo


Quantas vezes preciso dizer que não gosto que se metam na minha vida... por melhores que sejam as intenções, a vida é minha e faço dela o que eu quiser. Mas tem gente que pede, pede mesmo para eu ser grosseira.

Odeio que me digam o que fazer. Que venham com o papo 'mas você não acha que deveria fazer isso e não aquilo?' Ai, me poupe. Se eu fiz aquilo é porque quis, então não adianta me dizer o contrário.

Eu acho que minha maior qualidade de amiga é que nunca - eu disse nunca - interfiro na decisão dos meus amigos. Se quiser fazer merda, faz, eu não vou dizer para não fazer. Se a pessoa me pedir um conselho eu dou, mas se não pedir, eu não falo nada. Agora, veja bem, eu não estou pedindo conselho algum, não pedi opinião alguma, e ai vem sempre uma pessoa dando palpite. Como isso me irrita.

Raras - eu diria raríssimas - são as pessoas que apenas me ouvem e não se metem na minha vida. Depois quando eu sumo e me isolo, ninguém sabe o porquê. Eu sou tão fácil de lidar, é só não tentar dar conselhos quando não pedi, opinar quando não solicitei e não se meter no que não lhe diz respeito.

O problema é meu e eu resolvo do meu jeito. Se eu quiser ajuda, eu peço. Se não pedi é porque não quero. Simples assim.


Janaina Pereira

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Se eu quiser falar com Deus


Às vezes quero papear com Deus. Ele me coloca numas enrascadas que ficam difíceis para minha cabeça tola entender. Ele me faz ver e ouvir coisas que não quero. Parece que está me testando. Ai eu peço para Ele mudar o rumo da situação... e ele só complica de novo.

Será que Deus tá zoando com a minha cara? Não é possível... Ele já demonstrou tantas vezes o apreço pela minha pessoa. Em tantos momentos estranhos Ele foi lá e iluminou meu caminho. Ele me dá felicidade em conta-gotas, é verdade, mas quando ela vem, vem com tudo.

Ele me dá uns solavancos, umas tristezas, umas agonias desasiadamente insanas. Ele me poupa de coisas brutais também, mas me faz sofrer para crescer. Hoje, por exemplo, Ele me trouxe felicidade com um simples olhar - e me deixou em dúvida com o mesmo olhar.

Deus fica me testando o tempo todo, mas parece que Ele gosta de mim. Sei lá, acho que gosta. Ele sempre me dá uma força quando quero desistir de tudo, Ele sempre me acalma quando estou na pior e, principalmente, Ele sempre me dá pitadas de felicidades no meio do mar de inseguranças.

Deus é legal, mas às vezes vacila, do meu ponto de vista, claro, porque no final eu percebo que Ele sempre tem razão. Ele está de olho em mim. Mas eu também estou de olho Nele.



Janaina Pereira

sábado, fevereiro 13, 2010

Nem 5 Minutos Guardados

(Titãs)

Composição: Sergio Britto/ Marcelo Fromer


Teus olhos querem me levar
Eu só quero que você me leve
Eu ouço as estrelas
Conspirando contra mim
Eu sei que as plantas me
Vigiam do jardim...

As luzes querem me ofuscar
Eu só quero que essa luz me cegue
Nem cinco minutos guardados dentro de cada cigarro
Não há pára-brisa pra limpar, nem vidros no teu carro

O meu corpo não quer descansar
Não há guarda-chuva (não há guarda-chuva)
Contra o amor...
O teu perfume quer me envenenar
Minha mente gira como um ventilador

A chama do teu isqueiro quer incendiar a cidade
Teus pés vão girando igual aos da porta estandarte

Tanto faz qual é a cor da sua blusa
Tanto faz a roupa que você usa
Faça calor ou faça frio
É sempre carnaval no Brasil

Eu estou no meio da rua
Você está no meio de tudo
O teu relógio quer acelerar,
Quer apressar os meus passos
Não há pára-raio contra o que vem de baixo

Tanto faz qual é a cor da sua blusa
Tanto faz a roupa que você usa
Faça calor ou faça frio
É sempre carnaval no Brasil

No Brasil

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

A crítica aos críticos


Assistir a filmes dentro das cabines, sessões de cinema exclusivas para jornalistas, é uma coisa curiosa. Ontem foi dia de ver O lobisomem, refilmagem do clássico, agora com produção de Benício Del Toro, que faz o papel-título.

Impressionante a antipatia que os críticos de cinema têm por esses filmes, digamos, atípicos. Sem fazer o gênero 'pipoca' ou 'de arte', O Lobisomem fica ali no meio termo, meio bizarro, meio trash, mas para a maioria patético. Ao final da sessão era perceptível as caras de 'ah, não gostei'. E eu já sabia que seria assim. Uma galera que idolatra Avatar só pode achar filmes como Lobisomem ruins.

Lembro que após a cabine de Avatar as pessoas urravam: é o filme do ano. Francamente. Se tirar a tecnologia do filme não sobra nada. Eu detesto filme sem roteiro que me convença. E por escrever justamente reclamando disso eu quase fui linchada.

Não sou - graças a Deus - crítica de cinema. Eu sou jornalista que, às vezes, cobre cinema. Sou cinéfila, adoro ver filmes, vejo de tudo um pouco e bem que tentei estudar cinema, mas achei um saco e desisti da pós-graduação. Vou continaur autodidata. Já vi muitos filmes, tenho preferências mas gosto de olhar cada filme com o meu olhar de fã, nunca com um olhar crítico. Não faço campanha contra filmes, mas faço a favor. Se não gosto, não gosto. Se gosto, incentivo as pessoas a irem ver.

Foi assim com (500) dias com ela e Invictus, dois filmes que eu amei e incentivei meus amigos a assistirem. Fico feliz quando alguém diz que vai ao cinema ver um filme que indiquei. Mas sou incapaz de fazer campanha contra. A não ser que seja algo muito bizarro, como o novo filme do Beto Brant, que é ruim de doer.

mas, voltando ao Lobisomem, eu achei o filme bom. Depois de uma balada e chegar em casa às 2 horas da manhã, ir trabalhar às 3 horas, dormir quase às 6 horas e levantar às 9 horas, ver este tipo de filme sem piscar, sem cochilar e sem reclamar é um feito. Então o filme prende a atenção, é interessante e tem bons atores segurando a onda. Isso sem contar que é muito bem feito.

Eu levo muita coisa em consideração, inclusive meu estado de espírito, na hora de comentar um filme. Eu não gosto sem argumentos. E também gosto com argumentos. Eu não uso meu 'poder' de ver filmes antecipadamente para criticar. Nem falo bem para agradar. Eu não sou ninguém para dizer se você deve ver este filme e não aquele. Eu dou minha opinião. E opinião é como bunda: cada um tem a sua.

Acho muito chato as pessoas detonaram por detonar, reclamarem por reclamar, odiarem por odiar. É muito fácil apontar defeitos. Aliás, eu acredito naquele papo de que crítico de cinema é cineasta frustrado.

Como sou repórter, só observo os comportamentos e guardo no meu HD. Prefiro me concentrar nos filmes do que nas pessoas que criticam os filmes. É o melhor a se fazer.



Janaina Pereira

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Pílulas


Eu não dou palpite sobre a vida de ninguém. Por que as pessoas não fazem o mesmo em relação à minha vida?


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Teve um dia que perdi o chão, e uma noite que perdi o rumo. Meu coração está aflito, ferido, em pedaços.


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O amor é mesmo estúpido.



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E como diria Renato Russo: "a paixão já passou em minha vida, foi até bom mas ao final deu tudo errado, e agora carrego em mim, uma dor triste, um coração cicatrizado."


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O melhor contador de histórias que eu conheço é um jornalista chamado Alex Xavier, autor do blog Inventário de Coisas Inúteis. Leiam e divirtam-se.




Janaina Pereira

domingo, fevereiro 07, 2010

A Via Láctea

(Legião Urbana)

Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...

Mas não me diga isso...

Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...

Mas não me diga isso...

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...

Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...

Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

A estranha sem ninho



Hoje sim faz nove anos que vim morar em São Paulo. Mas este dia nunca teve valor para mim. Sempre penso que foi em 4 de fevereiro de 2001 que eu deixei o Rio. Sair do Rio é muito mais forte do que morar em São Paulo.

Entre os poucos motivos que me mantém em Sampa está, é claro, o trabalho. Aliás, de fato é o único motivo. Eu sinto muito pelos meus amigos, mas eu também tenho amigos no Rio e pelo mundo e as amizades continuam. Não da mesma forma que antes, mas continuam.

Procuro não me prender as pessoas. É um erro, eu sei, mas prefiro ser assim. Bem George Clooney em Amor sem Escalas. As pessoas vem e vão na minha vida e isso faz parte. Algumas se tornam importantíssimas, mas poucas permanecem. Tenho até muitos amigos, pessoas em quem confio, mas se eu precisar ir embora amanhã, não vou sofrer. Não é que não goste deles, mas eu sei deixar tudo para trás e seguir em frente.

Eu já sofri muito por perdas e partidas. Já me apeguei demais e não conseguia imaginar como seria minha vida sem determinadas pessoas. Agora eu sei que a vida continua e eu não sou importante para ninguém. O dia vai nascer, o sol vai se pôr, tudo vai continuar mesmo se eu não estiver aqui.

A pessoa que mais sente minha falta é a minha mãe, isso eu não posso negar. Eu me assusto com o amor incondicional que ela tem. Não sei se estou preparada para isso, para amar alguém assim. Claro que alguns amigos sentem falta da minha companhia ou das besteiras que falo. É perceptível no abraço que recebo quando volto (a São Paulo ou ao Rio) depois de um período ausente.

É pelo abraço que eu sei quem realmente pensou em mim. Como no dia em que reencontrei o Léo, que me abraçou com tanto carinho que, confesso, fiquei comovida. Às vezes preciso sentir e não apenas ouvir (ou ler) o quanto alguém sentiu saudades.

São Paulo me traz coisas boas mas me causa muita angústia também. Sinto tristeza por estar aqui, mas há momentos em que sou feliz. Eu não sei quanto tempo me resta, mas eu gostaria de colocar um ponto final nessa história.

Preciso de intensidade. E aqui estou me sentido muito preguiçosa com a vida. Não gosto de ser assim. Quero mais, quero o melhor, quero deixar de pensar que só o outro consegue e eu estou estacionada neste mundo que não me pertence.

Eu não sou daqui e nunca serei. Odeio ser uma estranha sem ninho. Quero meu lugar no mundo e tenho certeza que ele não é em São Paulo.


Janaina Pereira

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Nine


Lá se vão nove anos de São Paulo. Quando será que vou deixar de escrever este texto, ou vou dizer - estou indo embora e nunca mais vou voltar! Eu nunca imaginei ficar tanto tempo na cidade, e agora me sinto presa as coisas, como se nunca mais fosse sair. E odeio essa sensação opressora que São Paulo está me causando.

Continuo achando que as pessoas não gostam de mim - ou do meu jeito - e apenas me suportam por aqui. Claro que tem gente em que confio, que me atura de verdade, são bem poucos mas eu gosto deles e eles de mim. Porém, entra ano e sai ano e a mesma história se repete: eu preciso me reiventar, sou colocada à prova, sou testada, sou odiada, é tudo igual.

Nove anos se passaram e eu continuo sendo a mesma pessoa que chegou do Rio de Janeiro tentando provar o seu valor. Tá, eu vivi muita coisa aqui, amadureci, cresci, mas seria impossível não ser assim. Eu passei por situações que não precisava, fui obrigada a aprender na dor, e sofro até hoje. Sofro com a rejeição, com a inveja, as puxadas de tapete, as pessoas que insistem em me enganar. Sofro porque, cada vez mais, eu preciso ser sozinha na multidão. Eu preciso ser e estar só para sobreviver.

São Paulo é isso: é uma solidão sem fim, é uma prisão de oportunidades, é uma ida sem volta.Nove anos depois e eu ainda estou presa aqui. Não estou presa a pessoas ou situações, mas a ilusão de que as oportunidades que tenho só terei aqui e nenhum outro lugar abrirá tantas portas para mim.

Eu não vim para São Paulo para que a cidade fosse para sempre na minha vida. Para mim, o pra sempre sempre acaba. São Paulo não acaba para mim, e talvez no momento em que eu aceitar que ela é eterna em minha vida, as coisas deixarão de ser temporárias para serem definitivas.

Prove-me que vale a pena. E eu poderei dizer que, finalmente, aqui é o meu lugar.



Janaina Pereira

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Festa no mar (para o Alê)


Hoje é dia de Iemanjá, e já contei aqui que meu nome é em homenagem a ela. Janaina é um dos nomes de Iemanjá. Fiquei super feliz porque o Alê e a Danny Reis lembraram disso. Aliás, sinto muita falta do Alê. Acordar com um torpedo dele me dando parabéns pelo dia de Iemanjá foi muito fofo.

Se há pessoas que sinto falta nessa vida são o Clauber e o Alê. Eles foram - ou são? - duas das pessoas mais importantes da minha vida em São Paulo. Não sei o que seria de mim sem eles. O carinho que tenho pelos dois eu tenho por pouquíssimas pessoas. É um respeito e uma admiração que não cabem em meu coração.

Porque naqueles momentos difíceis, em que o mundo inteiro queria me derrubar, os dois estavam por perto. Poucas vezes eu tive tanta certeza que podia contar com alguém. E, sei lá porque, o tempo nos afastou, mas meu sentimento não mudou.

Aliás, posso dizer sem errar que, depois do meu pai, foram raros os homens que souberam cuidar de mim sem me subestimar. E o Clauber e o Alê sempre fizeram isso muito bem.

Alê, você alegrou meu dia. Que Iemanjá te abençõe sempre. É bom saber que você não esqueceu de mim. Porque eu jamais vou esquecer de você.


Janaina Pereira

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Será que vai chover?


(Herbert Vianna)



Eu fico pedindo atenção
Cachorro fazendo graça
Você não diz nem sim nem não
Faz que não entende e disfarça
E me pergunta, com essa cara
"Será que vai chover?"
Eu nao sei, não, não.

Eu sigo chamando, chamando mas
Você não me abraça
Mais um pouco eu desisto
Eu quase morro de raiva e disfarço
E me pergunto:
Será que vai chover?
E não sei, não, não

Eu ando tão perdido de desejo
Em cada esquina eu imagino te ver
Hoje é domingo, eu tenho vinte cinco.
Eu acho que vai chover!

Insônia


De repente estou super cansada aí me deito achando que vou dormir... e não consigo. Odeio ter insônia. Geralmente ela vem quando estou preocupada. E eu estou. Talvez esteja triste também. Um pouco perturbada com algumas coisas. Tentando matar sentimentos e sensações que só atrapalham minha vida.

Estou cansada, meu corpo pede repouso, mas não consigo dormir. Ai eu venho escrever, porque isso é a única coisa que sei fazer mesmo. Penso que falei demais ultimamente e devo exercitar meu silêncio. Não quero falar. Preciso urgentemente me calar.

Então, no meio do casanço e da ausência de sono, eu começo a chorar. Passa aquele filme na minha cabeça, a pergunta que nunca tem resposta - 'o que estou fazendo aqui?' - a sensação de tristeza aumenta e lá vou eu de novo tentar me agarrar a algo que não me afunde.

Apesar do cansaço e da tristeza, eu me sinto tão livre, tão forte, tão dona da minha vida. Como é bom eu negar as coisas, como é bom dizer que não vou fazer isso ou aquilo simplesmente porque isso ou aquilo não me agradam.

Como é bom ser a pessoa mais importante da minha vida. Como é bom agradar apenas a mim mesma.


Janaina Pereira

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