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quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Por um fio


Desabou um imóvel aqui em São Paulo, no bairro que eu moro. 

Passei em frente a ele minutos antes do desabamento. Ao ver a notícia na internet, e saber que um homem já foi encontrado morto, só parei e pensei que quando a hora chega, não há nada o que fazer. 

Ao mesmo tempo, quando não é sua hora, o destino conspira para você pegar o ônibus mais rapidamente, porque está com pressa de chegar em casa. 

E foram minutos, apenas alguns minutos, que fizeram toda a diferença na minha vida hoje.

sábado, fevereiro 23, 2013

Gosto quando te calas

(Pablo Neruda)


Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

sábado, fevereiro 16, 2013

Errando é que se aprende?


Sinceramente, não sei se precisamos errar para aprender algo. Estou muito cansada de ver as pessoas cometendo as mesmas tolices. Repetem erros, continuam nos equívocos, não deixam para trás o que passou, vivem insistindo em coisas que não dão certo. Nossa, como isso me cansa. E fica aquele lenga-lenga, aquela gente que não sabe o que quer, que vive em função de erros já cometidos... será que é necessário magoar o outro para aprender? 

Não preciso errar para saber o que está errado. Está errado insistir em falsas promessas, em pedir paciência em vão, em achar que tudo termina bem no final. Prefiro a crueldade da verdade, por pior que ela seja, do que mentiras e omissões. 

Mentir e omitir. Isso sim são grandes erros.

domingo, fevereiro 10, 2013

Cuide Bem do Seu Amor

Os Paralamas do Sucesso



A vida sem freio
Me leva, me arrasta, me cega
No momento em que eu queria ver.
O segundo que antecede o beijo
A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro
No instante que desmoronou.

Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo, tudo estava em paz!


Cuide bem do Seu Amor
Seja quem for
Cuide bem do Seu Amor
Seja quem for

E cada segundo, cada momento cada instante
É quase eterno, passa devagar.
Se o seu Mundo for o mundo inteiro,
Sua vida, seu amor, seu lar.
Cuide tudo que for verdadeiro,
Deixe tudo que não for passar.

Palavras duras, em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
A um segundo, tudo estava em paz!

Cuide bem do Seu Amor
Seja quem for
Cuide bem do Seu Amor
Seja quem for

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

12 anos depois

Hoje completa 12 anos que sai do Rio de Janeiro para vir morar em São Paulo. Tanta coisa mudou, pessoas que eram tão presentes em minha vida hoje apenas fazem parte da minha história... muitos se foram, outros chegaram, alguns permaneceram.

Ao longo desses anos, amizades foram fortalecidas e meu olhar para a vida mudou. Percebo cada vez mais o quanto o Rio é provinciano e as pessoas lá dificilmente mudam suas perspectivas sobre o mundo. É aquilo mesmo e pronto. Fico imaginando o que seria de mim se ainda morasse lá... e, sinceramente, não gosto de pensar muito nisso porque certamente não teria vivido metade das experiências que tive.

São Paulo é uma cidade com milhares de defeitos, como toda cidade grande, mas tem uma qualidade: te obriga a crescer. Aqui você é ou não é, não tem meio termo. Quem vem de fora é obrigado a conquistar um espaço, a ter postura, a mostrar para todos que tem capacidade para sobreviver aqui. Não é fácil, mas te dá uma bagagem de vida que permite suportar qualquer coisa.

Uma das coisas que mais me irrita no Rio é que lá eu virei paulista. Eu fico realmente chateada quando as pessoas me dão as costas porque eu 'abandonei' a cidade. Em São Paulo, no entanto, eu sempre serei carioca. E se no começo isso era um defeito, o tempo fez com que se tornasse uma qualidade. As pessoas veem com bons olhos o fato de eu nunca ter abandonado as minhas raízes, o meu sotaque, o meu jeito de ser. Lógico que eu falo gírias paulistanas, e daí? Eu convivo com eles. Mas eu nunca perdi minha essência, que é carioca, e me orgulho muito disso.

Eu agradeço a São Paulo por ter feito de mim uma pessoa melhor, uma profissional ainda mais capacitada e uma mulher que sabe de onde veio e para onde vai. Agradeço, especialmente, a todos que cruzaram o meu caminho, porque de uma forma ou de outra ajudaram a me tornar quem sou hoje.

Não mudaria minha vida em absolutamente nada: se eu pudesse voltar atrás, eu faria exatamente o que fiz, pegaria minha mala com meia dúzia de roupas, meu portfólio, embarcaria num ônibus na rodoviária Novo Rio só com passagem de ida e não olharia para trás. Foi isso que fez minha vida mudar, porque eu tive a coragem de sair da minha casa, do meu conforto, da vida segura e acomodada que eu tinha para abrir as portas do mundo com as minhas próprias mãos.

O Rio é lindo, é a minha casa, a cidade que eu amo e tenho um orgulho danado de ser carioca. E mesmo São Paulo tendo me recebido tão mal, tendo me feito chorar e sofrer por muto tempo, foi aqui que as coisas finalmente aconteceram e eu me tornei a pessoa que sou hoje. Dona do meu nariz arrebitado, ciente do espaço que tenho, dos amigos que conquistei, das flores que plantei e que hoje vejo florescer com tanta suavidade.

Sinto muito se eu não sou mais uma carioca da gema, mas meu coração sempre será carioca, meu tom de pele, meu sotaque, minhas roupas coloridas e esse meu jeito sincero e estúpido de ser. É isso, é exatamente isso, é essa coisa tão diferente do que os paulistas/paulistanos estão acostumado que me fez crescer e mostrar para todo mundo que você pode sim evoluir sem perder o caráter, os ideais e a visão naquilo que acredita.

Nunca imaginei que ficaria aqui tanto tempo... e hoje não consigo imaginar minha vida sem o agito de Gotham - como chamo carinhosamente Sampa - essa cidade cinzenta, de pessoas afobadas, de uma vida corrida, de uma solidão que dói, mas onde eu tenho trabalho, reconhecimento e respeito. E isso faz toda a diferença quando você sabe que, infelizmente, não é a praia e a brisa que vão te sustentar.

Era um risco vir para São Paulo sem trabalho, sem amigos, sem nada. Para alguns eu posso ser um fracasso porque não tenho carro, não tenho apartamento, não casei, não tive filhos e não conquistei todos os bens materiais que eu deveria ter. Para piorar as pessoas não entendem o que é ser 'freelancer' e também acham que eu não tenho emprego. Eu sinto pena de quem só enxerga a vida por esse lado, porque eu vejo todas as minhas conquistas, que foram muitas, e que só foram possíveis porque moro em São Paulo. E não trocaria todos os trabalhos que fiz e todos os lugares que conheci por nenhuma dessas 'conquistas materiais' que as pessoas fazem tanta questão de ter. Se você é aquilo que você tem, eu só lamento.


Ainda é difícil morar em São Paulo e sempre vai ser. Ainda me sinto sozinha, ainda choro, ainda sinto saudades, ainda fico sem paciência quando o mundo parece que vai desmoronar aos meus pés. Aí penso em tudo que conquistei, os lugares que conheci, os trabalhos que fiz, e tenho consciência que tudo isso só foi possível porque eu escolhi morar aqui. Eu escolhi, e fazer escolhas na vida é muito difícil. Mas acho bem pior não fazer, viver a mesma vida pacata e ainda apontar defeito na vida dos outros sem nunca ter se arriscado.


Então se passaram 12 anos e eu só posso agradecer. Obrigada ao Rio, minha cidade amada. Obrigada São Paulo, minha cidade querida.





sábado, fevereiro 02, 2013

Chimarruts

Hoje o reggae bate forte na cabeça,
Como vento bate forte lá no litoral.
E as ondas são como a batida da guitarra,
Ou então como no toque do meu berimbau.
E as estrelas são meu grito de alegria
E euforia quando o dia é de carnaval.
Então eu danço com meu povo e minha mente gira,
Pois a alegria tem que tomar conta do lugar.
Que de maldades eu estou cheio e quero fantasia,
Porque sou filho de Ogum e de mãe Iemanjá.

Iemanjá vem lavar a nossa fé
E Ogum pai do sol
Ilumina o meu caminho eu quero viajar.

Pois hoje eu quero viajar prá lá do céu,
Onde não haja fronteiras para me barrar.
Quero subir nas estrelas e de lá ver o mar,
Ver o sorriso da criança livre a brincar.
E vou plantar uma semente no seu coração,
Para colher futuramente uma nova nação.
Desigualdades e injustiças há de acabar,
Porque sou filho de Ogum e de mãe Iemanjá

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