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sexta-feira, abril 23, 2021

 Jorge da Capadócia


Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge
Jorge sentou praça
Na cavalaria
Eu estou feliz
Porque eu também
Sou da sua companhia
Eu estou vestido
Com as roupas
E as armas de Jorge
Para que meu inimigos tenham mãos
E não me toquem
Para que meus inimigos
Tenham pés e não me alcancem
Para que meus inimigos
Tenham olhos e não me vejam
E nem mesmo pensamento
Eles possam ter
Para me fazerem mal
Armas de fogo
Meu corpo não alcançarão
Espada, facas e lanças se quebrem
Sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem
Sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido Com as roupas
E as armas de jorge
Sensacional Jorge é de Capadócia, maravilha
Viva Jorge
Jorge é de Capadócia, sensacional
Salve Jorge, perseveranaça
Ganhou do sórdido
Fingimento e disso tudo
Nasceu o amor
Perseverança
Ganhou do sórdido
Fingimento, encima
E disso tudo
Nasceu o amor
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia
Jorge de Capadócia

terça-feira, abril 06, 2021

 Descabelada


Em tempos de pandemia, o BBB21 é o programa da vez. Nos últimos dias, a polêmica sobre o cantor sertanejo - o que ele ainda faz lá? - Rodolffo (com 2 ff´s) ter comparado o cabelo do professor de geografia João a uma peruca de homem das cavernas trouxe à tona o racismo (que faz parte explicitamente do programa desde 2019).

Sempre odiei meu cabelo. Eu tinha cinco anos quando minha mãe cortou estilo 'joãozinho' porque meu pai reclamava que ela demorava muito para arrumar meu cabelo e atrasava a gente - ele me levava à escola e depois ia trabalhar. Meu pai era negro, mas casou com minha mãe branca e a família tratou de 'embranquecer'. Na minha certidão de nascimento diz que sou branca, mas sempre me considerei negra. E isso é, até hoje, motivo de confusão na família.

Voltando ao cabelo: usei cabelo curtinho dos cinco ao dez anos, quando decidi deixar crescer. As crianças riam de mim na escola, porque meu cabelo era volumoso. Um dia pedi para minha mãe fazer uma trança, e foram quatro anos (dos 10 aos 14) usando apenas o cabelo preso para ir ao colégio. Trança, coque, rabo de cavalo: eu só entrava na escola de cabelo preso.

Mudei de colégio e resolvi soltar o cabelo. Além do deboche, os garotos jogavam bolinhas de papel no meu cabelo. Lembro de uma vez que uma colega de turma ter passado muito tempo tirando as bolinhas para que eu saísse para o recreio.

Nunca contei isso em casa. Aturei calada, chorava sozinha. Antes de completar 15 anos pedi a minha mãe para alisar meu cabelo. Uma amiga dela fez de um jeito que o cabelo não ficasse liso completamente, só a raiz. Surgiram os primeiros cremes para cabelo cacheado, da Seda, e eu apareci pela primeira vez na escola de cabelo solto, com cachos. Perguntaram se era peruca.

E assim eu cresci, odiando meu cabelo. Eu nunca deixava o cabelo crescer porque ele ficava cheio, e eu detestava. Cortava curto, armava muito. Não tinha jeito, eu não gostava do meu cabelo. Veio a moda da escova definitiva, não cedi. Não queria seguir o padrão liso. Fui pressionada por muitas mulheres a alisar porque 'assim fica mais bonito'. Cheguei a ouvir de uma amiga, que eu considerava muito, que o cabelo liso me deixava mais arrumada. Não, não e não. No máximo eu fazia escova no dia do meu aniversário e só.

Foi aos 28 anos, já morando em São Paulo, que fiz cauterização na raiz do cabelo. Assim, os cachos não cresciam mais desde a raiz, e o cabelo deixou de ter volume. Hoje, quando meu cabelo cresce, acho estranho, porque ele não é mais cheio, fica esquisito. Mas quando ele está curto, os cachos ficam bem definidos, como eu sempre quis.

Ainda não gosto do meu cabelo, mas sempre achei que ele combina comigo e com minha personalidade. Eu aceito o cabelo que tenho. Por isso, doeu em mim o comentário racista do cantor sertanejo com 2ff´s, normalizando o racismo como a maioria dos brasileiros faz.

Crespo, armado, cheio, com volume, ondulado, cacheado, descabelado. Se para muitos isso é sinônimo de cabelo 'ruim e de bombril', para mim é o cabelo de uma raça que, finalmente, está falando sobre isso. Não critiquem o cabelo do outro porque ele não é liso. Aceitem apenas que cada pessoa é de um jeito, inclusive com o cabelo que Deus lhe deu.



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