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domingo, janeiro 23, 2022

 Elza, Garrincha e Robinho

Na mesma semana em que Robinho foi condenado na Itália por estupro - assunto pouco discutido nas rodinhas futebolísticas, e noticiado com certo constrangimento pela imprensa - eu fui criticada por ter lembrado que Mané Garrincha batia em Elza Soares.
Elza, grande cantora e mulher extraordinária, foi estraçalhada pela sociedade na época desse romance. Garrincha, casado, não precisou se desculpar com o mundo por ter uma amante. Elza, a amante (há controvérsias, existe uma versão que eles se envolveram quando Mané já estava separado) deu a cara pra bater. E apanhou, literalmente, daquele que ela sempre chamou de seu grande amor.
Ao abordar tal questão, fui tachada de 'a perfeita que não comente erros', entre outros comentários grosseiros. Todos de homens. Só queria dizer que não sou perfeita e sim, eu cometo erros, mas nunca bati em ninguém. E, só para constar, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NÃO É ERRO, É CRIME.
É difícil para o mundo masculino julgar seus ídolos machos-alfa como estupradores, assediadores, violentos, etc. O universo feminino parece julgar mais facilmente mulheres que cometem crimes, ou que simplesmente cometem deslizes. Dois pesos, duas medidas. O homem que trai não tem culpa, mas a mulher que trai é culpada. O homem que estupra não tem culpa, mas a mulher estuprada é culpada.
Os mesmos homens que me criticaram dizendo que Garrincha bater em Elza foi apenas um erro de um jogador genial, devem achar que o estupro cometido por Robinho foi um erro de um jovem alterado pela bebida. Curiosamente, são os mesmos homens que, no Dia Internacional das Mulheres, fazem posts e campanhas publicitárias (um dos homens que me detonou é publicitário) exaltando os nossos direitos. Hipócritas!
Eu, como botafoguense e apaixonada por futebol, sei da importância de Garrincha que, aliás, considero melhor do que Pelé. Mas nunca, jamais vou passar pano para um homem que agride uma mulher. Ainda que essa mulher tenha morrido exaltando todo o amor que sentia por ele.
Elza Soares era muito mais do que a mulher que amou Garrincha. Quando ela se separou dele, foi justamente por não aguentar sofrer numa relação conturbada. Ele morreu um ano após a separação. Ela morreu no mesmo dia que ele, 39 anos depois. Mas resumir a história de vida dessa mulher incrível a um relacionamento problemático dando ares de "amor verdadeiro" é puro machismo. É diminuir a importância de Elza como mulher, negra, cidadã e artista.
Ainda que me critiquem, me chamando de cricri e hater; ainda que me digam que '"o mundo está horrível por causa de pessoas como eu, 'de espírito pouco elevado'',; eu vou sempre lembrar que homens, ao agredirem mulheres, são sim criminosos. Não importa a fama que tenham. #violenciadomestica #respeitemmeulugardefala



sábado, janeiro 01, 2022

 Feliz Ano Novo

"Eu nunca disse que seria fácil, eu apenas disse que iria valer a pena."

Mae West




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