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quinta-feira, novembro 30, 2023

 Alegria, Alegria


(Caetano Veloso)


Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia

Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não? Por que não?

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento
Eu vou

Eu tomo uma Coca-Cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito

Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor

Eu vou
Por que não? Por que não?
Por que não? Por que não?
Por que não? Por que não?


quarta-feira, novembro 29, 2023

Superação



Eterno Deus, neste momento de desafios que atravesso, recorro a Ti em busca de cura e alento. Que tua luz divina envolva meu ser, dissipando toda aflição, tristeza e dor que me afligem. Que tua energia de amor e compaixão me fortaleça, orientando-me na superação e transformação. Que eu encontre clareza no meio da confusão, coragem no meio do medo e esperança diante da adversidade.

Conceda-me, Senhor, sabedoria para escolher o caminho certo, força para enfrentar os desafios e serenidade para aceitar o que não posso mudar. Que eu encontre consolo em tua presença divina, sabendo que estou amparado e guiado a cada instante.

Que a cura espiritual permeie todos os aspectos da minha existência, restaurando a harmonia, a alegria e a paz interior. Que eu deixe para trás as agruras do passado e avance com fé e otimismo. Agradeço pela tua presença constante em minha vida e pela cura amorosa que me ofereces. Que assim seja. 


Prece canalizada por João sob a orientação do Mentor Carlos Geminne.


quarta-feira, novembro 22, 2023

 Brasil x Argentina



A última vez que fui ao Maracanã ver um jogo de futebol eu era criança. Muitos anos depois, voltei para ver o primeiro show de Paul McCartney no Brasil e dois shows do Rolling Stones. Embora tenha visto o Brasil ser tetra e penta campeão mundial de futebol, nunca quis ver (ao vivo) a seleção masculina de futebol. Já a feminina eu vi, nas Olimpíadas de 2016, e posso dizer que assisti Marta, Formiga e Cristiane jogando juntas! Naquela época eu já era fã do Messi. Sempre tive antipatia pela seleção argentina, mas também sempre fui muito bem tratada no país. Aliás, nessa época o Messi era detestado em Buenos Aires. O pessoal de lá dizia que ele, na verdade, era mais espanhol que argentino. Para o mundo, Messi não era unanimidade. Dividia os holofotes com Cristiano Ronaldo, e tinha seu talento questionado por muitos. Mas eu sempre gostei dele. Não só pelo talento no futebol, mas pela pessoa discreta, o que destoava da maioria dos jogadores de futebol. 

Em 2015, antes de ver a Marta, eu já tinha tentado ver o Messi no Barcelona. Assisti a um jogo da Champions League no Camp Nou, mas ele estava machucado - Suárez fez as honras da casa e marcou três gols (Neymar estava no time mas só caiu). Em 2019, eis que Messi vai a São Paulo disputar o terceiro lugar da Copa América contra o Chile. Consegui ingresso na véspera do jogo, e lá fui eu para o Itaquerão numa tarde fria de inverno. Messi foi expulso ainda no primeiro tempo - a segunda expulsão da carreira. Não pode nem voltar para receber sua medalha de bronze. 

Uma das maiores frustrações da minha vida foi não ter visto Ayrton Senna correr ao vivo. Tentei duas vezes ir ao GP Brasil em São Paulo, ainda morando no Rio, mas não consegui. Foram as duas vezes que o Ayrton ganhou. Desde então, eu me esforcei muito para realizar meus sonhos, porque a vida é curta, e eu não quero morrer sem ter vivido. Vi Guga jogar, fui em dois jogos da Champions - Barça e Bayer de Munique - fui às Olimpíadas do Rio. Então é meio óbvio que eu ia dar um jeito de ir ver o Messi no Maracanã, naquele que pode ser seu último jogo no Brasil. E eu fui.

Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei que assistiria o Messi jogar no Maraca - e como campeão do mundo. Camuflei a camisa da Argentina, a do tri, recém-comprada, mas o clima estava tranquilo e assumi para quem torcia (pro Messi, não para Argentina!). Eu e muitos brasileiros vestimos a camisa do Messi. Aí rola uma confusão, a polícia bate muito nos argentinos, vejo gente se jogando das arquibancadas... um cenário pavoroso. Jogadores argentinos tentam acalmar os ânimos, e os brasileiros fazem o que? Nada. Assistem tudo. Marquinhos, nosso capitão, vai até a torcida, fica dois minutos e sai. Para quem ainda não sabe, assim como eu tinha muitos brasileiros com a camisa da Argentina. Aquela torcida que apanhou não era só de argentinos. Em vários pontos do Maraca tinham brasileiros e argentinos em total harmonia. Mas naquele trecho da briga tinha parte da torcida organizada do Flamengo, que vaiou o hino argentino e começou a confusão.

"Ah, mas os argentinos são racistas". São. Os brasileiros também e nada justifica a violência. Não se vaia hino de país nenhum. No vôlei não tem isso. Brasil e Cuba tinham uma imensa rivalidade e o hino cubano nunca foi vaiado no Maracanãzinho. Certa vez, a saudosa Isabel do vôlei parou um jogo do Brasil para reclamar da torcida que vaiava a seleção adversária. Isso se chama respeito. "Mas os argentinos não respeitam a gente". Esse é o problema!!! O brasileiro se preocupa com o outro, quando deveríamos olhar nosso próprio umbigo. E isso serve para todos os países do mundo. Respeitem para serem respeitados!

Encerrei minha cota futebolística. Vi o Messi, e sentirei falta dele no futebol, mas eu volto para o vôlei, onde a gente torce de verdade. E olha que a seleção de vôlei também não está lá essas coisas, mas a de futebol, francamente!!! Falta jogo, falta atitude, falta tudo! 

Mas a seleção tem a torcida que merece: um bando de gente que vai pro Maraca cantar hino do Flamengo e do Fluminense, brigar e ficar 90 minutos vaiando a própria seleção e o adversário... é o mesmo povo que vive do passado, que se vangloria de ser o único pentacampeão... e não sabe o porquê o Brasil não ganha uma Copa desde 2002.

Aquela torcida do Maraca não me representa. A seleção brasileira de futebol masculino não me representa. E sim, gosto do Messi, e fico feliz de ter visto ele jogar novamente. Eu assumo porque fui ao Maracanã - ao contrário da maioria que foi ou para brigar, ou para ver o Messi mas prefere continuar xingando os argentinos porque todo mundo faz isso. Lamentável.

quinta-feira, novembro 02, 2023

 Botafogo


Tem coisas que só acontecem ao Botafogo. Essa frase, um clássico do time, mais uma vez se faz presente. Resolvi escrever esse texto agora, enquanto ainda estou com a cabeça quente e o coração triste. Porque, independente de quem será o campeão brasileiro, eu precisava expor o que é ser um(a) botafoguense.

Eu não acompanho o futebol brasileiro. Tenho uma lembrança muito feliz do Campeonato Carioca de 1989, porque meu pai morreu dois meses antes e aquele título, após 21 anos, era para ele. Não lembro absolutamente nada do Brasileirão de 1995 - só os comentários de que o título do Botafogo não foi merecido.

Em 2017 o Botafogo disputou a Libertadores e foi razoavelmente bem. Eu até me animei, mas não fui aos jogos. Lembro da derrota, esperada, para o Grêmio de Renato Gaúcho. Eis que em 2023 eu estava almoçando vendo o Globo Esporte e descubro que o Botafogo era líder do Campeonato Brasileiro. Que surpresa! Lembro também que as pessoas que sabem que sou botafoguense disseram que o time era 'cavalo paraguaio'. Eu fiquei calada.

Repito: eu não acompanho futebol brasileiro. Até junho, eu nem sabia quem era o Tiquinho Soares. Eu sequer sabia que o Gatito - único jogador do Botafogo que conheçia até então - estava lesionado. Quem é Lucas Perri? Como assim, o Tchê Tchê não está no Palmeiras???????

Parei para ver pela TV Palmeiras x Botafogo no Allianz e fiquei chocada com a vitória. Pensei: 'se ganhou do Palmeiras, tem alguma chance". Fui, aos poucos, conhecendo o time. Acompanhando os jogos. Ficando feliz e emocionada como eu não ficava desde 1989.

Comprei a camisa que eu queria comprar faz muitos anos. Fui ao Niltão pela primeira vez ver o Botafogo - estádio que eu ainda chamo de Engenhão (descobri que botafoguense raiz não chama assim). Comecei a ouvir várias pessoas dizendo que o Botafogo não perderia o título, que pintou o campeão. Fui até parabenizada pelo meu time. Mas eu, como botafoguense típica, jamais acreditei no título.

E mais: eu pensava que o título só viria se os melhores times (no caso, todos os outros) desandassem no Brasileirão. Internamente, eu torcia pro Palmeiras ir bem na Libertadores e, assim, esqueceria o campeonato nacional. Pois é, deu no que deu. O 'jogo épico' entre Botafogo x Palmeiras não teria sido tão dramático se o Botafogo tivesse vencido o Cuiabá. Não seria tão dramático se o artilheiro Tiquinho não tivesse perdido pênalti e se o Lucas Perri não tivesse tentando acelerar um jogo que era para retardar.

A expulsão foi injusta? Sim. Favoreceu ao Palmeiras? Sim. Mas o Botafogo perdeu para si mesmo. Quando Tiquinho perdeu o pênalti, eu falei em voz alta: "é, não era para ser".

Sou e sempre serei botafoguense. O time combina comigo. Ser botafoguense é ser um derrotado na vida. É ser frágil, tosco, supersticioso ao extremo. Ser botafoguense é sonhar bem alto e levar tombos. É ficar extremamente feliz com uma vitória, mas ter dúvidas se essa vitória vai te levar para algum lugar. Ser botafoguense é ser um eterno fracasso. Por isso, mesmo não acompanhando o time de perto, sempre serei botafoguense, porque é assim que me sinto na vida. Derrota e fracasso. Para mim, para o Botafogo. Jamais poderia torcer para outro time. Somos iguais.

Eu fui muito feliz nesse Campeonato Brasileiro com o Botafogo. O que virá pela frente, só Deus sabe. Segundo os videntes de plantão e toda a imprensa esportiva, aquilo que eu sempre achei vai acontecer: o Botafogo não será campeão. Então é isso. Foi bom enquanto durou e, o que quer que aconteça, sou grata pelos momentos alegres. Mas hoje estou chateada com o rumo que as coisas tomaram. É muito ruim ter essa sensação que a gente nunca consegue ser totalmente feliz. Porque tem coisas que só acontecem com o Botafogo. E eu sei bem como é isso.



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